segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A festa dos dalits

Enquanto meu amado Rio de Janeiro fechou para balanço e só volta ao normal na segunda, dia 30, para curar meu tédio por causa desse Carnaval que não passa, me diverti horrores com o Oscar (sim, eu adoro aquela maldita cerimônia de 3 horas e meia, cheia de gente esnobe, não-gostosa, vestidos caros [e feios], mau-gosto e dinheiro jorrando privada abaixo). Minha felicidade só não foi maior porque como sempre o filme para o qual eu tô torcendo nunca ganha. Fora isso, tem também o fato de aqui no morro-gato não ter como colocar SAP na TNT® e assim eu perdi metade da transmissão. Isso porque com a tradução simultânea obviamente se perde metade da fala das pessoas, já que os caras decidem traduzir justamente enquanto as pessoas ainda estão falando. E assim eu perdi todas as punch lines e piadas. Mas esse é o preço por pagar 20 ao invés de 220 reais por mês.

Voltando a premiação...parece que os 5800 velhinhos decrépitos que votam para escolher quem serão os ganhadores se empolgaram bonito nessa história de diversidade, presidente negro, origens africanas e o “escambal”. Porque só isso para explicar o Oscar® desse ano, o de número 81, ou melhor, o Oscar da Diversidade. Isso porque em meio a tantos bons filmes americanos e/ou pelo menos civilizados como “Milk” (meu favorito), “Benjamin Button” (o do Brad Pitt), “O leitor” (anglo-germânico), “Frost/Nixon” (meu segundo favorito) e “O lutador” (norte-americano por excelência), eles resolveram, só de sacanagem, premiar o “filme indiano” dirigido pelo Inglês Cabeção da testa Ambulante, “Slumdog millionaire”. Tá certo que o filme é interessante, eu diria até muito bom, mas não precisava ganhar TODOS (8/10) os prêmios. Por isso que eu digo, FOI MARMELADA. Isso sem contar a enxurrada de filme japonês, francês, israelense que concorreu e o documentário americano sobre uma menina indiana (eles de novo) com lábio leporino que também ganhou uma estatueta dourada. Até a Penélope Cruz que nunca ganha nada, fazendo um filme do azarado-mor Woody Allen, venceu como melhor atriz coadjuvante e olha que ela fala espanhol misturado com o inglês o filme todo e NINGUÉM entende porra nenhuma. O negócio tava tão diversificado, cheio desse espírito de aceitação de uma “nova ordem social” que até um maluco morto ganhou Oscar, ainda por cima um australiano, onde já se viu isso?! Claro que foi o meu lindinho Heath Ledger como Coringa, mas sinceramente, qualquer um ali poderia ganhar, eu mesmo nem tava torcendo para ele. Preferia o Philip Seymour Hoffman, o Michael Shannon ou até mesmo o Josh Brolin, mas quem ouve a razão quando está em jogo a possibilidade de deixar a Academia bem na fita. Isso porque não é só aqui que ninguém dá a mínima para o Oscar. Lá é exatamente a mesma coisa, sem tirar nem por.

E por falar em Josh Brolin, quando que “W.” (o filme sobre o Bush) vai sair por aqui? Pelo que eu entendi, ele já até saiu em DVD por lá, será que ele é muito ruim? Na minha opinião isso é culpa desse sentimento antiamericano que se apossou da América (do norte), eles realmente não querem saber de nada que lembre, nem de longe, o governo Bush e toda aquela fama de “valentões do mundo”. É por causa disso que esse “Slumdog Millionaire” (o favelado milionário na tradução literal) está em alta. Ele simplesmente representa uma outra visão do mundo. Algo que todo mundo tá cansado de saber e pelo menos, eu, que sou favelado e brasileiro, não achei nada demais. Mas, aparentemente, os EUA nunca tinham visto nada como isso e daí vieram as 10 indicações e 8 estatuetas. Porém, não me entendam mal, eu até gosto da pobreza, ou melhor, das representações da pobreza no cinema. Elas realmente dão belos filmes, cheios de superação e tudo mais. E ainda por cima, propagam o meu lema de vida: “a gente se fode, mas se diverte”. Mas é só isso. Nada demais. A história do rapaz pobre que vence o show do milhão indiano é bem bobinha, isso sim. “Cidade de Deus” dá um banho no “Slumdog”, por exemplo, a diferença é que no primeiro a parada é mais embaixo, precisa ter Estômago para ver “Cidade de Deus” porque aqui “a gente se fode muito mais e talvez não viva para se divertir (embora consiga dar uma escapadinha)”. Enquanto o “Slumdog” é feito puramente de fantasia. O próprio Cabeça falante, Danny Boyle, disse que é um conto de fadas.



Por isso que eu digo, quando o Oscar está em sintonia com a Globo® não pode sair nada de bom.

OBS: E o que foi aquela pelação de saco na entrega dos prêmios por atuação. Totalmente desnecessário. Parecia até festa de 15 anos. Foi algo mais ou menos assim. “Fulaninho, você representou muito bem um drogado, matador, assassino e estuprador. E nos mostrou que ainda existe bondade no coração da humanidade, blá, blá, blá”. Totalmente brega. Só valeu pela Whoopi Goldberg e Cuba Gooding Jr. fazendo umas piadinhas ao falarem da Amy Adams e do Downey Jr.

OBS²: O tema religião também fez parte do Oscar da Diversidade.Foi realmente irônico. Uma hora ia maluco indiano dizer que “Deus é grande”. No momento seguinte, um outro dizendo que “deus é uma merda”. Ou, “que a gente devia parar de ficar se matando por causa da porrada de deusesinhos que a gente cultua”. E aí de novo, vinha o indiano dizendo que “Deus é grande”. O que prova que esse negócio de politicamente correto, além de ser chato, também é extremamente confuso.

OBS³: O que me surpreendeu mesmo foi a apresentação do Hugh Jackman - escolhido o mutante mais sexy do mundo no ano passado. Quando descobri que ele seria o host em dezembro, eu fiquei realmente decepcionado por eles quebrarem a tradição dos hosts comediantes, que realmente alegravam a noite do Oscar. Mas até que não foi nada mal e aquela coisa do showman é bem legal. Aparentemente era uma tradição que havia sido esquecida. No entanto, eu preciso defender a classe (a dos comediantes, antes que me perguntem), e dizer que ainda prefiro um bom humorista apresentando o show do que um ator/showman cantando, dançando, sapateando e/ou se contorcendo no palco. Nada contra, só que eu prefiro as piadas. Este ano, foi particularmente sem graça, se comparado aos anos anteriores. Os comediantes estavam lá, mas só em participações módicas. Eu posso contar nos dedos o que foi realmente engraçado. O final do número de abertura com o Hugh Jackman se chamando de Wolverine, a Whoopi, o Steve Martin, o Jack Black, e claro, meu ídolo e esperança de sucesso no futuro, Seth Rogen. Ele e James Franco no vídeo do parceiro (criativo) deles o Judd Apatow foram o ponto alto da noite. Agora que o grupo do Ben Stiller, Owen Wilson e Vince Vagh perdeu a graça, eles são meus novos deuses da comédia em Hollywood. Isso sem falar do Adam Sandler e do Jim Carrey que estão deixando muito a desejar. Caralho, bolei agora. Vou mandar um email para Academia exigindo que o Seth Rogen apresente no ano que vem, vai ser fodástico. Se bem que aí, eles iam avacalhar total com o Oscar e ia ficar parecendo o prêmio da MTV, mas que se foda.


*Zé Messias é um pomposo crítico de cinema. Leia somente em www.cinetotal.com.br. Ele também vende pipoca nas horas vagas e se acha o rei da cocada preta e o “o do borogodó”. Se acha superior porque sempre torce para os filmes que não ganham (Brokeback Mountain em 2006, Miss Sunshine em 2007, Sangue Negro em 2008 e Milk em 2009). Ele não está nem ai para os desfiles das escolas de samba e quer mais que alguém caia duro na avenida para eles interditarem aquela porra...brincadeira. Zé Messias também é o autor dos Best-sellers “Para aguentar o Oscar”, “Para aguentar o Carnaval” e “Como falar dos filmes que não vimos”.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Carnaval 2009 não é aqui, é na Globo

Eu sou um cara do contra. Muito do contra mesmo. Eu sou tão do contra que mesmo não sendo irmão mais novo eu sou do contra. Tenho como lema não gostar de nada que todo mundo goste e não fazer nada que todo mundo faça. Mas não para discordar pura e simplesmente, eu só não consigo ser assim e pronto. Acho que já deixei mais do que explicito aqui, mas não custa nada lembrar, uma vez que eu não tenho um post propriamente dito para escrever. Até agora na minha lista de desgostos (desgóstos) estão: praia, viagens longas de ônibus, qualquer viagem turística, festas que não envolvam rock ou pessoas que eu goste muuuito, BBB, livros de auto-ajuda, burrice, estupidez, novela, sol, gente sem senso de humor, gente que se ofende facilmente, gente fresca, toda e qualquer pessoa que eu ainda não conheci, Paulo Coelho, bons modos, regras de qualquer tipo sobre comportamento, Ano Novo, o ritmo do funk (das letras eu gosto), coisas diet, coisas lights, coisas 0%, filmes com cachorros ou qualquer animal que fale, filmes sobre qualquer animal, exercícios físicos, gente “do bem”, gente que fale em receber “altas energias”, animais em geral, pessoas de 12 a 17 anos, TV aberta, férias (da escola, no caso, faculdade), filmes dublados, pagode, 99,5% do que se entende por samba, Simple Plan e etc., a Igreja Católica, e, claro, o Carnaval.

Embora eu finja muito bem no dia-a-dia, eu realmente não gosto da maioria das coisas que existem. Mas, a principal delas, que não tem mesmo como eu enganar, é o Carnaval. Sério mesmo! Não sei como as pessoas conseguem aguentar esse frenesi e esse desejo incontrolável de “se perder”, “cair na folia”, “sambar na avenida”. Esse tipo de entusiasmo forçado que impera nessa época quase me deixa muito irritado. Todo mundo age como se o carnaval fosse a época para perder a linha, ou se divertir sem culpa, sendo que todo eles já fazem isso durante o ano todo.

Não me entendam mal, eu gosto de ver os corpos semi-totalmente-despidos das “mulhezinha”, também é sempre bom apreciar um bom conflito entre bêbados armados com cacos de vidros ou um ocasional arrastão, mas isso acontece todo o ano no Rio de Janeiro e eu não preciso ficar aguentando sambas-enredo na minha cabeça.

No entanto, de um jeito ou de outro eu acabo participando do Carnaval. Acho que é esse o preço que se paga por ser um ser social. Pensando bem, o ano todo de 2008 e boa parte de 2007 eu fiz questão de experimentar todas as coisas que as pessoas normais fazem e eu nunca me interessei. Tarefa na qual eu fui bem sucedido. Uma vez que fui à praia num número considerável de vezes, segui pelos menos uns três ou quatro blocos, vi o samba na lapa e até dancei funk nas chopadas da faculdade. Porém, a conclusão dessas experiências antropológicas, não foi nem de longe animadora, primeiro porque eu realmente não diverti, e segundo porque me queimei feio na praia, fiquei com bolhas e até com o pé em carne-viva por seguir os blocos, roubaram meu celular na Lapa e entrei em coma alcoólico numa chopada.

Para o Carnaval 2009 eu só espero bem menos do que o 2008. Talvez uma peladinha ocasional para alegrar a criança (entendam como quiserem). Alguns trabalhos de faculdade atrasados para não sentir tanta falta da Uerj. E para me alegrar mesmo, sem ter que sair para muito longe de casa e tropeçar em algum bloco ou comemoração festiva estou pensando em fazer uma maratona de cinema. Tipo uns 3 ou 4 filmes em sequência sem tirar de dentro.

Para fechar mesmo dizendo que odeio o Paulo Coelho, essa música, se foi ele que escreveu- eu não sei -, é realmente muito boa. É uma música do Raul Sexas, mas como eles faziam meinha, musicalmente falando, nos anos 70 não dá para dizer de quem é a música.

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...


*Zé Messias continua muito decepcionado com a vida como ela se apresenta. Principalmente, por ser um pobre menino da favela e não poder ir a concertos ou muito menos comprar CD’s de música clássica que custam em média exatamente o que ele ganha como bolsista da Uerj. Ele também sabe que não vai poder aproveitar em nada a Cidade da Música, a menos que lá tenha um albergue para quem mora longe e não tem como voltar para casa depois das 23h quando o 691 e o 690 param de passar nos FDS. E acima de tudo ele realmente não suporta o Carnaval.

OBS:Para o próximo post algo picante, talvez engraçado, possivelmente uma prévia para um improvável Zé Bengala.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Sexo com anões

Ha, ha, há, te peguei!! Se você é do bonde dos tarados pervertidos (como eu) que gosta de ficar procurando fotos e vídeos de sacanagem bizarros, você se fu... (como diria o presidente). Além de uma grande pegadinha, esse post só serve mesmo para subir o pagerank do meu querido bloguinho e também como uma piada interna que só o pessoal da minha turma de Tópicos Especiais em Comunicação II (e quem lê o Overmundo) entendeu.

Mas enfim, não é só para irritar meu séquito de fãs adeptos da pornografia, cyberporno e videoporno que eu fiz esse textículo, também foi para fazer um anúncio. Ou não. É que aproveitando o ensejo da sacanagem e de uma matéria do ilustre Meia Hora - o melhor jornal do País – eu (acho) decidi fazer mais um blog. Mas ainda não tenho certeza.

A tal matéria do Meia Hora é sobre o super mega hiper concurso da minha 2ª produtora (brasileira) de filmes pornôs favorita, a Sexxxy World. No qual o feliz ganhador (a) vai poder estrelar um filme pornô (meu sonho desde que eu tinha 12 anos e ficava acordado todo sábado para assistir Emmanuelle, no saudoso Gatas e Corujas, na época em que a Band ainda era Bandeirantes).

Naqueles tempos não existia internet, eu nem sabia o que era isso, e nem mesada tinha para que pudesse comprar Playboy, Planet Sex, Jumbo, Boazudas, Brazucas, Hentai World, etc. Então, o jeito era só sonhar e sonhar. Sonhar e polutar. E assim como Martin Lutherking, continuei com meu sonho. E disse para mim mesmo:

“um dia serei o melhor ator pornô que este País já viu”
Mas aí, o tempo foi passando e eu fui engordando e ficando melhor nos estudos. Aí, calhou de eu passar no vestibular para Jornalismo. E, do nada, descobri que era bom nisso (se você não concorda com esta oração não se manifeste) e acabei gostando de tentar ser jornalista.

E qual não foi minha reação quando vislumbrei uma possível realização de meu sonho de infância. Ah, a euforia! O êxtase! Não há melhor sensação no mundo do que saborear o doce néctar da possibilidade. Tratei de comprar o famigerado tablóide de 60 centavos e logo depois fui ao site da produtora, o www.sexxxyoworld.com.br. Já tinha até bolado meu nome artístico, Zé Bengala. No entanto, quando cheguei a Uerj com o jornal já gasto depois de ter lido a pequena matéria umas 500 vezes no trajeto subitamente murchei (no sentido figurado, claro, tenho 20 anos e muita saúde). Eu me lembrei que vida ator é foda (literalmente) e mudei de ideia. Afinal, ator pornô que quer se manter firme e forte nesse mercado competitivo de hoje tem que manter abertas várias opções de trabalho. E eu não tô afim nem de abrir e muito menos de manter aberta a minha opção. Existem muitas xoxotis no mundis pornozis, mas igualmente existem piruzis. E por mais que você se esforce ou quanto mais você tente evitar, algum (ns) deles vai inevitavelmente parar na sua bunda e isso definitivamente não é para mim. Além do mais, mesmo que as pessoas neguem, todo mundo sabe que viadagem é igual droga, experimentou uma vez, viciou.

Já estava desesperado, vendo meu futuro como Zé Bengala escapar por entre meus dedos cabeludos, quando me lembrei do preceito básico do Jornalismo. “Quem não sabe fazer, critica”. E pensei com meus botões (intactos, diga-se de passagem), por que não?

E assim, talvez, tenha surgido, meu mais novo blog, o Zé Bengala.

Imaginem só, as melhores críticas sobre melhor da sétima arte pornô hétero (óbvio!) e adjacências. Cobertura de eventos. Comentários sobre as novas produções. Enfim, o melhor tratamento para a ovelha negra das artes, da primeira a nona. O ramo que mais CRESCE no mundo depois do tráfico, o magnífico pornô. O que acham? Agora sim, podem se manifestar.