quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Zé Messias Revoltado!!!! (leitor habitual, esse é um post sério, por favor, não leia. Vai estragar minha imagem de bom palhaço)

Quem lê este blog sabe que eu aprecio o bom humor acima de todas as coisas. E acho sinceramente que é justamente nas horas mais sombrias que uma boa piada vem a calhar: seja no enterro de um ente querido, no término de um relacionamento ou no meio de uma guerra (declarada ou não).

Vendo a repercussão no twitter, facebook, Orkut, whatever desses atentados e da violência, até eu que tenho a paciência de um Buda sendo tentado por Kama Mara debaixo da Árvore do Conhecimento, fiquei fora do sério. Vi muita gente perdendo a linha, censurando uns aos outros por comentários humorísticos que tentam amenizar a situação ou apelando para velha máxima fascista do “bandido bom é bandido morto”. E isso como sempre acontece quando vejo as reações da “sofrida classe média brasileira” me enojou.  

A seguir um resumo desses comentários que não foram direcionados a minha pessoa, mas achei interessante escrever dessa forma para fazer um drama.

“Povo do Rio”: Meu caro, você fazendo piada não sabe o que é ser privado de suas liberdades individuais,  o direito de ir e vir, ficar preso em casa ou no trabalho.

Minha resposta: Eu sei.

“Povo do Rio”: Você não sabe o que é acordar com o som do tiroteio ou da explosão de uma bomba.

Eu sei.

“Povo do Rio”: Você não sabe o que é ver na sua frente armas de grosso calibre sendo disparadas.

Eu sei.

“Povo do Rio”:  Você não sabe o que é a sensação constante de estar com sua vida ou das pessoas que você ama em risco.

Eu sei.

Moro há mais 20 anos numa favela do Rio, praticamente minha vida toda, isso ai que todo mundo tá vendo hoje é o meu dia-a-dia. Então “cidadãos de bem do Rio de Janeiro” façam o favor de IR PARA O INFERNO.

Essa é a minha vida, esse é o meu clube!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dias de pião: uma ópera apoteótica em três atos


Parte I: o emergente suburbano

Vou me mudar. E isso quer dizer: FAVELA NO MORE. Chega de tiroteio. Chega de bala perdida. Chega de toque de recolher. Pelo menos era isso que eu pensava até me lembrar que só mudarei de bairro e não de planeta. Mesmo não representando essa mudança toda que eu esperava até que é um baita dum upgrade. Sairei da bela favela do Jaca$#%% e irei para o Upper East Side de Maria da Graça. Provavelmente, se você não é do Rio isso não significou PORRA nenhuma, mas não se avexe, muita gente que mora por aqui também não deve ter entendido.


Se você é de fora e só conhece o Leblon de Janeiro pelas novelas do Manoel Carlos (o português mais letrado depois de Saramago), Maria da Graça é um bairro nobre da ilustre Zona Norte da cidade. Fica localizada entre o Méier e o protetorado de Cachambi & Del Castilho (a.k.a. o Norte Shopping). Da dobradinha Maria da Graça/Jacarezinho vieram ilustríssimos membros da sociedade brasileira como o jogador Romário e o cantor (?) Latino, além deste que vos fala, que dispensa apresentações (só porque este é o meu blog). 

No entanto, pra variar, nada na minha vida é fácil. Então tem que ter um perrengue envolvido. Para começar comprar a bendita casa já foi um parto, ou melhor dizendo, um enterro. Porque são justamente os enterros que são caracterizados por começarem com a choradeira fruto da pseudo-tristeza e falsidade que essas ocasiões pedem. Porque ninguém gosta do morto e todo mundo queria se livrar dele, mas ninguém pode admitir isso senão pega mal. E essa foi a casa que eu comprei. Pertencente a aristocracia graça-mariense, a casa foi de um antigo barão do café que tendo morrido deixou o imóvel para a mulher. Com a recente morte da velha, a casa passou a seus  filhos e aí que o clã dos Messias entra na jogada. 

Como nenhum deles queria uma casa com mais de 700 anos no coração de Maria da Graça, hoje cercado pelo Jacarezinho, Bandeira 2 e Manguinhos,  a Legião dos Sete Órfãos Raivosos decidiu em uníssono vender a budega da casa para os primeiros trouxas que aparecem. E esses trouxas somos nós, claro. O que eles não contavam é com a astúcia de Mamãe Messias, a maior pechinchadora do Hemisfério Sul. Dizem até que o Largo da Pechincha, em Jacarepaguá (Google Maps, pra quem não é do Rio), foi uma homenagem a minha mãe. Isso porque numa visita a minha tia, que mora por aquelas bandas esquecidas por Deus, ela viu um potinho de marmita pro meu pai que custava R$ 3,36 e ficou pechinchando com a vendedora durante 25 horas ininterruptas até que ela de saco cheio vendeu o potinho por R$ 1,99. E assim, ela acabou  também inventando por acaso a loja de 1,99, uma vez que a estabelecimento ganhou fama e passou a vender tudo por esse preço a partir desse dia.

A Legião dos Sete Recém-órfãos mal sabia o que os tinha atingido. Eles vieram com uma história de 600 mil reais por causa do valor cultural e a história da propriedade – uma vez que os mais famosos traficantes do estado (e do País) nasceram nas redondezas –, mas minha mãe, boba que não é, arrematou a venda por três canivetes suíços, um bilhete único e dois ingressos de Flamengo X Madureira do Campeonato Carioca de 2002.    

Parte II: Dias de Pião

Minha mãe tinha resolvido tudo e estava feliz da vida e tranqüila. Mas como sempre, a pica é do aspira. E o aspira sou eu. Acontece que três canivetes suíços, um bilhete único e dois ingressos de Flamengo X Madureira do Campeonato Carioca de 2002 foi tudo o que meu pai economizou juntando o FGTS, a aposentadoria e as poupanças que seriam pra pagar faculdade para meu irmão e eu (o que a gente não precisou pois estudamos na Uerj....cóf, cóf, cóf). Porque se fazer obra tendo dinheiro é divertido, fazer obra sem dinheiro é como andar na montanha-russa (sem cinto) ou ser figurante de Tropa de Elite, a diversão só acaba quando você desiste e pede pra sair. 

Ai na hora das inevitáveis reformas e da mão-de-obra qualificada para os serviços de pedreiro, ajudante de pedreiro, auxiliar de pedreiro (o que faz uma grande diferença), marceneiro, entre outros, sobrou para quem?! Para o filho mestrando que fica em casa a maior parte do tempo (tenho culpa se a carreira acadêmica consiste basicamente de pura contemplação criativa*). E sobraram pra mim os trabalhos mais degradantes e estapafurdios que um ser humano pode fazer numa obra. Isso porque, segundo meu tio, o mestre de obras, quando no quesito construção eu sou um merda. E é engraçado como a vida pode te surpreender. Justamente quando eu pensava que tinha atingido a maioria e não tivesse mais nada em que eu poderia ser um merda, que eu já não soubesse, surge mais essa. Mais um pra minha lista**.

*Leia a seguir nos futuros textos “Revisitando a Academia: o orientador que balança o diploma” e “Revisitando a Academia: o fantasma da graduação passada”.  

** Não perca o próximo post “Coisas em que sou um merda”, uma lista maior do que o número de gols perdidos pelo Val Baiano.

Para começar, me colocaram para carregar entulho, uma vez que “isso eu não poderia fazer errado”, o que me foi dito pelo menos três vezes por dia pelo Meu Tio Mestre de Obras e meu pai, que não se chama Messias. E pensar que desperdicei meu tempo nas aulas de Teoria do Jornalismo, Assessoria de Imprensa e Redação para Jornalismo Impresso Cotidiano quando eu poderia ter feito Carregamento de Entulho 1, 2 e 3. E outra, porque toda obra tem tanto entulho?! Era mais fácil ter comprado só o terreno porque de entulho deve ter ido metade da casa. E no lombo de quem foi...

E o mais divertido ainda está por vir, porque também é preciso retirar esse entulho. Meu trabalho foi ensacá-lo e colocá-lo na rua, mas a partir daí como proceder? Os garis não levam e você pode ser multado por deixar esse tipo de coisa na calçada (a vida no asfalto é dura! Favela, I miss you already). Novamente minha função, como sou o jornalista da família e teoricamente sou articulado (socialmente e não baitolamente), eu deveria ter a manha de descobrir essas coisas. E eu descobri. Existe uma coisa chamada Disk entulho, que é um serviço da Comlurb em tese de grátis que retira o lixo pesado se você não for uma empresa. O problema é que existe tanta burocracia e tantas regras que é impossível você conseguir que seu entulho seja levado. Esse foi meu primeiro contanto com a vida de emergente da classe média. Confesso que fiquei com saudade da época em que era um jovem miserável, abaixo da linha da pobreza, sendo feliz na favela em que nasci e jogando lixo nos córregos e nas valas que é o lugar deles.

 Obviamente, não consegui que meu entulho fosse recolhido, isso após inúmeras tentativas, numa das quais o lixo do vizinho foi levado, mas NÃO O MEU (pensei logo, será que eu dei alguma mole e eles perceberam que somos negros?!). Acontece que uma das tais regras é que o entulho precisa estar em sacos de 20 kg, para que o gari dos entulhos – uma espécie de agente especial dentre os garis – possa carregá-lo com a mão sem fuder as costas e processar a Comlurb. Obviamente a gente ignorou isso, já que nos sacos de 20kg só cabe um pedregulhinho e olhe lá. Então a gente colocou tudo em sacos de 50 kg, alguns cheios com 60 kg de pedregulhos (que eu carreguei). E por isso ninguém nunca levava o nosso saco.

Porém, todo e qualquer gari sabe dessa regra e vendo o amontoado de entulho na nossa porta que crescia cada dia mais  (tinha mais da casa nos sacos do que no terreno), eles não perderam tempo e vieram como abutres na carniça oferecer seus serviços em troca de um “pequeno café”. Acontece que o peso que os garis não estão dispostos a carregar por seus salários normais, eles carregam sem problemas se tiver um pequeno suborno envolvido. E a gente que  tava no erro e não iria desfazer tudo para colocar nos malditos saquinhos de 20 kg, que com certeza deve ser algum esquema da Comlurb com a fabricante, pagou não um, mas vários cafezinhos para um batalhão de garis diferentes. Isso porque embora não aparecesse nenhum para pegar o lixo antes, depois que a gente pagou ao primeiro a apareceram dúzias, centenas, milhares, enfim, um enxame de garis pedindo pra levar o entulho. Tenho que confessar que a gente ficou tão sem jeito quando o entulho acabou e tinha vindo gente de Vigário Geral e Itabuã da Serra que a gente deu uns trocados para eles também.

Parte III: No fundo da vala

E não é só isso. Depois do trabalho estrutural, no qual a gente praticamente quebrou a casa toda só pra ter o prazer de reconstruir tudo de novo, alguém, no caso o estúpido que vos fala, disse que seria legal trocar os vasos sanitários de lugar. Mostrando de uma vez por todas que eu definitivamente sou um merda no quesito obras. O problema é que uma coisa que eu aprendi bem nesses quatro anos de faculdade (e meio ano de Mestrado) foi a arte da retórica e argumentação e por ter a titulação mais alta lá em casa alguém me ouviu. Não para minha surpresa, já que eu tive a idéia, coube a mim a ajudar Meu Tio Mestre de Obras a mudar os vasos. E lá fui eu, com meu diploma de Jornalismo debaixo do braço, mexer no esgoto da casa. 





Para quem não sabe as funções de um bombeiro hidráulico no quesito encanamento são quatro: quebrar tudo o que tiver pela frente, arrancar os canos, colocar os novos canos, fechar tudo da maneira que puder com os materiais que ele encontrar pela frente. Nesse contexto, minha função foi a seguinte: limpar o buraco, a famosa vala, retirando entulhos, detritos, lama (MUITA LAMA) e eventuais excrementos que aparecem pelo caminho. O que em minha vã inocência eu, Meu Tio Mestre de Obras e ninguém sabia era que a casa tinha sido construída em cima da porra de um lençol freático. E isso é pior do que se ela fosse construída em cima de um cemitério indígena. Isso porque onde você fura, bate ou quebra sai água e toda terra, TODA TERRA, vira lama. E lá estava eu, jornalista laureado, mestrando e projeto de professor universitário botando a mão na lama massa  para limpar a vala.

Minha única sorte foi a gente ter achado a caixa de passagem antes de levar a vala até a rua. Para quem não sabe, caixa de passagem é o local onde todo o encanamento da casa se encontra e também foi a coisinha abençoada de Deus que impediu que a gente quebrasse 20m² de concreto para chegar até a central de esgoto na rua para trocar os canos. 

Além de ser xingado de todas as formas possíveis e imagináveis por Meu Tio Mestre de Obras, devido a minha inaptidão para o serviço, o lado bom da coisa foi que além de aprender tudo sobre obras, construções, marcenaria entre outras coisas, também pude ouvir as histórias desse meu tio. Sabe aquele porteiro, pedreiro, encanador etc. que come todas as babás, empregadas e até ocasionalmente a mulher do patrão  nos filmes brasileiros (geralmente interpretados pelo Ailton Graça), esse é meu tio. Esse é um traço marcante da família do meu pai, que não se chama Messias. Eu diria até que é algo genético, pois assim como todo traço genético pula uma geração, eu obviamente fiquei sem.



PS: Este post é uma homenagem ao aniversário do Meu Amigo Conde Drácula, que faz aniversário hoje. Sendo um leitor assíduo do blog, ele se sentiu abandonado quando ficou sem nada para ler na época em que ficou desempregado e queria gastar seu tempo de ócio de criativo lendo essa porcaria que chamo de blog mas não podia porque eu não estava atualizando. Agora voltei...se o mestrado permitir.

Aliás, estou no processo de conseguir os direitos de filmagem e editoração de sua história que é muito interessante e renderia um ótimo post para cá.

sábado, 27 de março de 2010

Diários de um macho II (consegui!)

Prelúdio 

Brahms demorou 20 anos para escrever sua 1ª Sinfonia. Ela era tão apoteoticamente fantástica, ainda mais vinda de um maluco que ninguém sabia direito quem era, que simplesmente maravilhou os ouvintes. Tanto que o maestro, e um dos maiores conhecedores de música erudita do século XIX, Hans Von Bülow (que com esse nome só pode ter sido uma tremenda bichona*) ficou tão emocionado que a chamou de 10ª de Beethoven. Lembrando que o Bee parou na 9ª, que desde sua primeira execução até os dias de hoje é considerada A obra-prima da música, tipo a Mona Lisa da Tradição Sonora Ocidental.

Imaginem só: você leva 20 anos escrevendo uma parada. Coloca sua vida, seu coração e sua alma no negócio. Algo tão bom que você sabe que tudo o que fizer depois não vai nem chegar aos pés desse primeiro trabalho (é dose!). Aí vem um infeliz, posando de gostoso, e resume o Trabalho da Sua Vida numa única frase e ainda por cima te compara ao Beethoven, simplesmente o cara que você mais odeia no mundo. Isso porque todo mundo sabe que não importa o quão bom você seja, você nunca vai chegar ao nível do Beethoven. Até a sua mãe deve ter falar, “muito bom, meu filho. Mas não é um Beethoven”. E o babaca vai e esfrega isso na sua cara. Eu ficaria puto. Como se não bastasse isso tudo, o pior ainda é ter que aturar seus amigos da escola, as periguetes na rua e provavelmente qualquer um que veja sua foto nos dias de hoje o chamar de Karl Marx.

Vocês devem estar estranhando essa “introduçãozinha”, né? Ela só serve para marcar que eu demorei muito para escrever este texto. Para ser exato eu o comecei no dia 02/08/09, mesmo dia em que lancei a primeira parte. Além de minha habitual preguiça crônica, muitos fatores marcaram a demora para escrever esse texto como Prova do Mestrado, Monografia etc. No entanto, o principal deles era eu não conseguir dar um encerramento na coisa, o famoso “closure” (não é guarda-roupa, isso é closet). Eu estou escrevendo esse texto há tanto tempo que nem fiz minha folclórica retrospectiva, mas prometo fazer pelo menos um balancete. Enfim, aproveitem esta Quimera que trago para vocês.

*Na verdade, o maestro Van Bülow não era bobo nem nada. Ele era casado com a filha do Liszt (renomado pianista e compositor húngaro) e por mera coincidência seu professor. Não preciso nem dizer que a infeliz era feia igual o diabo e o cara tava só de artimanha. O pior foi que o cara se fudeu, porque perdeu a mulher para o Wagner. Não o Moura, mas aquele das Valquírias e demais fanfarronices nórdicas (perdão, Odin Todo-Poderoso, isso foi apenas uma piadinha).

Aviso: este texto é excruciantemente (a parte de cima foi só uma introduçãozinha) grande visto que demorei 8 meses para escrevê-lo e não pretendo dividi-lo porque dividir texto é coisa de viadinho. No entanto, se você absolutamente não quiser ler esse texto (o que eu compreendo, mas não aconselho) simplesmente olhe esta tira de quadrinhos e veja a história resumida. Clique Aqui

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A partir da leitura de “Diários de um Macho I” muitas pessoas tiveram a impressão de que macho é sinônimo de troglodita. Pois então, essas pessoas não estão erradas, essa é a mais pura verdade. Isso porque macheza nada mais é do que liberar o seu troglodita mal encarado interior. Todo homem tem isso. Obviamente não é por causa disso que o cara vai deixar de ser culto, inteligente ou romântico. Sim, existem machos inteligentes, cultos e até românticos. Vide Mandrake, Antônio Fagundes, Tony Ramos, Nelson Rodrigues, Gay Talese* (ironia mata, né?), entre outros. Afinal, ninguém nunca ouviu falar que os brutos também amam?!    

Muita gente também me mandou emails e cartinhas-bomba reclamando que nenhuma mulher que se respeite se interessaria por um homem como aquele retratado no último post. E caras assim só pegam mulheres frutas, marias-chuteira e atrizes pornôs. Pois então, isso é a maior mentira. Toda mulher e digo e repito, TODA MULHER se amarra num machão. Ainda mais se tiver coberto de graxa. Não tô falando de amor. Tô falando de SECSO, S-E-C-S-O, sacanagem, rala e rola, chaca-chaca na buchaca etc. Ela pode não amar o cara, nem gostar dele, não querer ser vista em público, fingir que nunca viu, mas impreterivelmente vai querer DAR para ele. Esse é o famoso Efeito Dourado que já varreu a Twittosfera. E isso nem é coisa minha, é algo que plagiei (como tudo nesse blog) de Freud, Gay Talese*, Nietzsche, Nelson Rodrigues, Catra, meu pai, meu avô, Garrincha. Enfim, só gente graúda, o crème de La crème.

*Para quem não sabe, Gay talese é o Mestre dos Magos do Jornalismo. Tanto que ele escreveu um livro contando como ele se “infiltrou” num bordel para fazer uma “matéria”, pegou geral lá no bordel, contou para a mulher dele e continua casado até hoje. E isso tudo se chamando gay, imaginem o estrago que ele faria se seu nome fosse Máximo Poder


 É inevitável! As mulheres dão mesmo, provavelmente já estão dando neste momento e só VOCÊ meu amigo corno não sabe. Aliás, essa é a sina dos heterossexuais não machos. Eles foram, são ou serão cornos pelo menos uma vez na vida. Essa é a lei da selva.

Como os nomes que citei acima, esta edição de Diários de um Macho vai tratar do período clássico da Macheza Mundial, a Velha Escola. A Era de Ouro dos Machos na Terra que por mais incrível que pareça não começa no Início dos Tempos. Porque até onde eu sei, Deus não comia ninguém e Adão só pegava a Eva (e umas ovelhas de vez quando). A partir daí, nem preciso dizer que se sucedeu uma torrente de (falsa) moralidade e o espaço para a verdadeira macheza foi deixado de lado. Depois disso veio toda aquela baitolagem Grega e Romana, seguida pela baitolagem Católica na Idade Média (com a exceção do grande e único Henrique VIII* que fundou uma igreja só para papar umas vagabas a mais).

*Para quem não sabe, Henrique VIII é tido como o fundador da Igreja Anglicana. Aquela igreja inglesa (trava língua) arquitetada só para ele se separar da Catarina de Aragão (a avó do Jorge). Essa história nos mostra a origem do verdadeiro Pensamento Machista. Uma vez que sendo rei Henry poderia se enfartar de comer xoxotis se quisesse, mas ele queria justamentis a da Natalie Portman Ana Bolena. E e aí já viu, né? Isso nos mostra que ser Macho não é comer quem você pode, mas sim aquelas que você NÃO pode. E fazer qualquer coisa, QUALQUER COISA mesmo para faturar um furevis. Inclusive se tornar líder político, jurídico e religioso de uma nação.

Como se não bastasse a viadagem na Idade Média, ainda houve o movimento de retomada (no ânus) da baitolagem Clássica, com a dobradinha Iluminismo/Renascimento, que nada mais foi do que o pensamento judaico-cristão-ocidental “saindo do armário”

Dito isso, fica claro dizer que a Macheza só pode ter começado num lugar e num lugar apenas: na Seleção Natural de Charles Darwin. Ele é o pai da Macheza, pronto e acabou! No entanto, ele foi só a “Alma Pater” da coisa. A raiz teórica de uma práxis só estabelecida com a maravilha das Maravilhas, The Fucking Holy World War I (Afinal, nada é mais afrodisíaco do que o cheiro de sangue e a ameaça de morte eminente).

Guerra + Sangue + Suor+ Uniforme militar = neguinho se dando bem



Esse é o tempo da Velha Escolha, a primeiro grupo de machos de verdade a pisar na face da Terra...

Machos como meu avô que em 1947 dizia que foi pracinha só para pegar as cocotas de sua época (nenhuma nunca percebeu que ele só tinha 14 anos na época da 2ª Guerra – 1939-1945). A efervescência do movimento era tanta que “contaminou” até o mundo das Artes, conhecido por sua baitolagem adquirida em anos de existência.

No quesito, rompimento de paradigmas a parada foi até meio drástica e com certeza o Mundo das Artes nunca mais foi o mesmo depois de tamanha selvageria. Ora, não poderia estar falando de outro que não fosse o Grande Picasso. Esse é o homem que pegou a classe artística de calça arriada e simplesmente destruiu tudo que viu pela frente. E em grande estilo, a julgar pela classificação que deram a sua obra, Cubismo. O cara realmente não tinha dó!

Nesse período houve também na Filosofia a ferveção do trabalho de Nietzsche, que embora não possa ser chamado de Macho, entendia muito do assunto. Aliás, macho que é macho não entende de macheza, ele está muito ocupado SENDO macho para se preocupar com isso. Esse negócio de entender de macho, estudar macheza, certamente é coisa de viado. Freud era outro que entendia muito bem a alma humana (não que eu acredite em alma) e, por conseguinte, sabia muito de macheza (mas não era praticante).

Sem dúvida, Freud foi uma das maiores bichas enrustidas da história da humanidade conhecida pelo homem. Primeiro, ele era obcecado pelo falo – o popular pau. Ele era tão vidrado que chegou a dizer que o pau estava no centro de todo o pensamento Ocidental (aí que delícia!) e que as mulheres se ressentiam dos homens por não terem sido agraciadas com a dádiva de ter um pênis. Para ele, a sociedade se resumiria num eterno “cruzamento de espadas”, como dizem os americanos*.

Ou seja, Freud era um viadão! E o pior, o “enrustimento freudiano” se baseia na própria teoria do cara. Ao comprovar a inaptidão feminina para fazer parte da sociedade civilizada (por conta do ciúme doentio do pênis), Freud queima seu próprio filme uma vez que enquanto as mulheres queriam ter o falo (não no sentido Bíblico, mas no sentido Roberta Close), ele mesmo queria ser uma mulher. Treemenda!

*De acordo com meus conhecimentos da cultura pop norte-estadunidense, o ato de cruzar as espadas remete ao momento em que numa suruba de número maior de homens do que de mulheres (um gangbang), dois homens “acidentalmente” (e geralmente por alguns instantes) encostam seus respectivos paus uns nos outros.

De maneira geral, o Pensamento Machista Ocidental tem suas bases em momentos históricos e reviravoltas muito conhecidas do grande público. E muitas vezes, o pensamento machista ocidental se confunde com a própria historia da humanidade e dos avanços do pensamento ocidental como um todo. Isso porque como é obvio e ululante o mundo só chegou a este estágio porque nós homens estávamos (e estamos) no comando. Para quem achou que isso não é bem um elogio de minha parte, leia a próxima edição na qual eu mostrarei como seria o “Mundo Feminino”.

*Zé Messias se desculpa por profanar todo o pensamento erudito da cultura Ocidental com suas piadas sem graça. E como castigo ele promete ler de verdade as obras que ele cita tão levianamente sem nenhuma espécie de embasamento. Ele é um autor renomado e atualmente trabalha como conselheiro político e é a mente diabólica por trás das pretensões de Lula em ser secretário da ONU. Ele também escreve discursos políticos para membros prestigiados da política brasileira como Gilberto Kassab, José Roberto Arruba, José Sarney e Severino Cavalcanti.  Messias é membro e sócio-fundador da Blogueiros Unidos Sem Trabalho (BUSeTra).


quarta-feira, 24 de março de 2010

Skmosu 3.2 - O paradigma da refutação suprema

Em meio a seus estudos de Relações Internacionais, curso para o qual ele descobriu não ter aptidão nenhuma (como eu avisei), Skmosu descobriu um pequeno oásis de paz interior, a Filosofia Ocidental Moderna. Mais precisamente papai Nietzsche e seu discurso sobre o niilismo da condição humana. Ao perceber a (óbvia) falta de sentido na existência humana, o menino Skmosu, ao contrário de qualquer indivíduo com um mínimo de sanidade mental, se sentiu aliviado. Skmosu, que sob nenhum parâmetro estabelecido pela sociedade pode ser considerado um indivíduo produtivo e útil para a sociedade, se sentiu reconfortado ao descobrir que a sociedade em si também não tem nenhuma utilidade e, portanto, seu lugar como parasita e ameaça à saúde pública e ao bem-estar social são apenas reflexos do círculo vicioso (e nocivo) chamado condição humana. E assim, ele atingiu o Nirvana.

O problema disso tudo é que a filosofia, por mais que seja benéfica ao intelecto, não tem nenhum papel na vida cotidiana. Assim, mesmo atingindo o 7° sentido e alcançando a Iluminação, isso de nenhuma maneira não põe comida na mesa, dinheiro no bolso, gasolina no carro e, sobretudo, não põe mulher “na fita”. Motivo pelo qual você não vê muitos filósofos acasalando e gerando novos filhotinhos de filósofos, uma vez que a coisa menos atraente do mundo é alguém questionando e negando tudo a todo tempo (vide Diários de um Macho).

Outro ponto negativo de ver através da camada de bestialidade que cobre o mundo, questionando e negando a todo tempo, é o fato de algumas coisas perderem o valor e outras começarem a não fazer o mínimo sentido. Não era de se espantar que seu cérebro (o do Skmosu) subdesenvolvido, já sobrecarregado com as lições de fisiculturismo, inglês, francês, alemão e relações internacionais, não pudesse carregar o peso da Filosofia Moderna Ocidental. Tendo entendido que a “realidade” (e adjacências) tal qual ela é percebida pela maioria das pessoas não passa de um simulacro, lhe faltou a compreensão ulterior máxima que valida o que foi aprendido até então que é a resposta a pergunta, “o que fazer em seguida?” (Pergunta que pretendo responder em minha tese de doutorado...aguardem).

Enquanto isso, sua mãe, Dona Skmona, que felizmente não entende de filosofia, mas conhece muito bem o encosto filho que tem, já percebeu que toda essa papagaiada filosófica não passa de um plano ardiloso que a mente limitada de Skmosu concebeu (na verdade, é mais um mecanismo de defesa automático do que uma maquinação consciente) para continuar sua vida parasitária sugando, literal e metaforicamente, as tetas de sua mãe.

A verdade era que Skmosu está chegando aos 22 anos e sua mãe, não sendo nenhuma mártir ou otária, sabe que se ela mantiver o menino Skmosu neste regime de leite com pêra e ovomaltino por mais algum tempo ele pode chegar ao Estado Crítico, ou como dizem os cientistas da NASA, Ponto Sem Volta, situação na qual ela teria que aturar seu pequeno parasita filho para o resto da vida. Ou seja, o Inferno na Terra! 

Você, que não entende de filosofia ou não finge ser um profundo entendedor para audiências menos qualificadas, como eu faço, precisa saber que a leitura de Nietzsche pelos não preparados pode acarretar severos traumas emocionais num indivíduo. Aqueles que são minimamente inteligentes para conseguir lê-lo, mas não suficientemente para que as palavras ali dispostas façam algum sentido podem se sentir levemente desnorteados ao saber sobre a cegueira causa pela moralidade e na subseqüente negação de toda verdade depois disso. Skmosu tendo a sua frente a maior descoberta sobre o pensamento humano, simplesmente pensou, “posso usar isso para ‘meter um caô’ sobre a falta de sentido na economia de mercado e na busca de satisfação pessoal através da profissionalização e ficar na casa da mamãe até que eu ou ela morra”. Perturbador? Sim. Mentalmente enojante? Também. Errado? Nem um pouco.

Como sempre, a vida de Skmosu nos mostra porque o conhecimento é a arma mais poderosa da humanidade e acima de tudo porque o aborto é sempre uma boa idéia.  



*Para aqueles que vem me perguntando, sim, Skmosu existe e é “exatamente” da maneira que o descrevo. Eu o conheço desde o 2° Grau e atualmente ele mora na Praça da Bandeira e é freqüentador assíduo da Vila Mimosa podendo ser encontrada lá de 2ª a 6ª entre 18h e 20h.

*Zé Messias é autor renomado presente nas listas de Best-sellers de Veja e New York Times. Alguns dos pseudônimos que usa em seus livros são Paulo Coelho, espírito de Laura, Noam Chomsky, Bruna Surfistinha, entre outros.  Ele também é um grande amigo da onça e espírito de porco que perde o amigo, mas não perde a piada. Cuidado, o próximo pode ser você....