Quem lê este blog sabe que eu aprecio o bom humor acima de todas as coisas. E acho sinceramente que é justamente nas horas mais sombrias que uma boa piada vem a calhar: seja no enterro de um ente querido, no término de um relacionamento ou no meio de uma guerra (declarada ou não).
Vendo a repercussão no twitter, facebook, Orkut, whatever desses atentados e da violência, até eu que tenho a paciência de um Buda sendo tentado por Kama Mara debaixo da Árvore do Conhecimento, fiquei fora do sério. Vi muita gente perdendo a linha, censurando uns aos outros por comentários humorísticos que tentam amenizar a situação ou apelando para velha máxima fascista do “bandido bom é bandido morto”. E isso como sempre acontece quando vejo as reações da “sofrida classe média brasileira” me enojou.
A seguir um resumo desses comentários que não foram direcionados a minha pessoa, mas achei interessante escrever dessa forma para fazer um drama.
“Povo do Rio”: Meu caro, você fazendo piada não sabe o que é ser privado de suas liberdades individuais, o direito de ir e vir, ficar preso em casa ou no trabalho.
Minha resposta: Eu sei.
“Povo do Rio”: Você não sabe o que é acordar com o som do tiroteio ou da explosão de uma bomba.
Eu sei.
“Povo do Rio”: Você não sabe o que é ver na sua frente armas de grosso calibre sendo disparadas.
Eu sei.
“Povo do Rio”: Você não sabe o que é a sensação constante de estar com sua vida ou das pessoas que você ama em risco.
Eu sei.
Moro há mais 20 anos numa favela do Rio, praticamente minha vida toda, isso ai que todo mundo tá vendo hoje é o meu dia-a-dia. Então “cidadãos de bem do Rio de Janeiro” façam o favor de IR PARA O INFERNO.
Essa é a minha vida, esse é o meu clube!