sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Revisitando a Academia I

Olá amiguinhos,


 sei que não sobrou mais ninguém acompanhando isso aqui. Afinal, se eu que sou o “dono” não venho aqui faz 4 meses, imagina você, internauta desocupado e preguiçoso (peraí, esse sou eu!), que tem coisas mais importantes para fazer do que ficar visitando um bloguizinho de meia pataca para ver se o infame gordinho mal-amado responsável por ele se deu ao trabalho de o atualizar.

A história é a seguinte, filho. Depois do brilhante “Diários de um Macho”, que concorreu ao Pulitzer na categoria jornalismo literário de humor estrangeiro na internet, este blogayro que vos fala ficou ocupado com uma pequena coisinha chamada... paternidade. Isso mesmo, minha vizinha E., de 14 anos*, deu a luz a meu primogênito (e o terceiro dela), e eu, como bom favelado pai aos 21 anos, estava ocupado mudando de cidade. Troquei de nome, endereço, telefone e estou vivendo num local secreto, o qual eu não serei idiota de revelar neste blog, mesmo sabendo que ninguém o lê mais. Só posso dizer que vivo sob o disfarce de Sheila, uma Drag Queen que faz covers da Lady Gaga numa boate X**.

*Minha vizinha E. de S. C. da S., na verdade tem 12 anos, mas eu tenho vergonha de falar por causa da óbvia semelhança dessa história com as letras do Mestre Catra (ou deveria ser Castra?!), cuja musicalidade e história de vida inspiram este blog


** Esse é realmente nome da boate***


***Boate X é uma cadeia de boates/puteiros localizadas em diversas cidades pelo país, não preciso nem dizer que o dono é meu tio
Pois bem, quem me conhece ou leu esse blog pelo menos alguma vez na vida, sabe que esse trecho aí de cima é a maior besteira/ encheção de lingüiça da história da humanidade. Zé Messias nunca jamais em tempo algum comeria alguma de suas vizinhas sob pena de perder o pequeno pau**** que tem com alguma malária ou febre tifóide da vida.
**** isso é uma piada, Zé Messias é um escritor bem dotado cuja humildade zen-budista lhe permite fazer piadas sobre seu pênis que é sim avantajado (para os padrões asiáticos)
Esses 4 meses de ausência se devem na verdade ao temido último semestre de faculdade. O negócio foi tão tenebroso que além de não postar nada aqui também não fiz a metade das coisas que deveria ter feito lá na faculdade, motivo pelo qual apesar de tudo este talvez não seja meu último semestre. Para quem não sabe, numa faculdade séria (cof, cof, cof*****) como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a popular Uerj, você precisa fazer um negócio chamado monografia para se formar. Como diz o nome, monografia é uma parada escrita que você faz sozinho, ou melhor dizendo, você se fode sozinho para fazer. Não aceite imitações, monografia é isso. Pronto e acabou!
***** cof, cof, cof é a onomatopéia para tosse e significa ironia, só para constar
Obviamente, existem outras modalidades de avaliação para colação de grau como o Trabalho de Conclusão de Curso, o popular TCC, como o nome diz é um trabalho que você faz para poder se formar. Pelo que eu saiba é um produto concreto, uma comprovação física daquilo que você aprendeu nos quatro de faculdade. Pode ser um experimento, um programa de computador, um desfile de moda, um documentário, um boquete caprichado etc. etc., as possibilidades são infinitas dependendo do seu curso e claro da avaliação do MEC sobre a sua universidade. Uma coisa boa é que o TCC pode – e deve, se você for malandro – ser feito em grupo (o que é perfeito se você pretende realizar um boquete caprichado – lembrando que são TRÊS professores na banca).

Felizmente, na Uerj, ou melhor, na Faculdade de Comunicação Social, onde freqüento, as provas orais e demais avaliações físico-invasoras foram abolidas no governo Brizola, mas nada garante que elas não possam voltar num futuro governo Lindberg******, do jeito que esse pessoal menos favorecido da Baixada é atrasado. Outro método de avaliação bastante comum, principalmente em faculdades particulares que têm filias em shopping centers, é não fazer nada. Isso mesmo! Existem faculdades e cursos que não cobram nada (em termos de avaliação, em termos monetários ele pegam até seu trocado da padaria) para que o aluno se forme, só preciso terminar as matérias do currículo, lindo isso, não?

****** se você não entendeu essa piada provavelmente você não é do Rio de Janeiro. Como esse blog tem (ou tinha, quando era atualizado decentemente) sua base de fãs no Nordeste eu vou explicar. Brizola governou o estado do Rio duas vezes, 1983-1987 e 1991-1994 e segundo o pessoal da juventude político-partidária (curiosamente, os integrantes de partidos opostos contam a mesma história) que infectam os corredores da universidade, a história da Uerj, e da Educação no estado, se divide em antes de Brizola e depois de Brizola. Foi ele que teve a brilhante idéia de que os professores deveriam escrever no quadro negro com giz ao invés de carvão e que o piso salarial dos professores deveria ser igualado ao preço médio da propina paga pelos alunos por boas notas e abono de faltas. Um adendo é que essa história não daria certo hoje em dia, tendo em vista o sistema de cotas que tirou a classe (pequeno) burguesa das salas de aula (cof, cof, cof) para colocar a menos favorecida, ou seja, a ralé. Eu mesmo, estudante de cotas que sou, se fosse subornar um professor só poderia dar para ele os 15 reais semanais que eu separo para almoço e Xerox, uma rapidinha com a minha irmã ou uma trouxinha de pó que eu consigo com desconto do meu vizinho. Muito diferente dos tempos áureos da universidade, nos quais a pobrada só entrava para varrer o chão ou fazer a vigilância (aliás, meu avô foi vigia da Uerj – isso eu juro que é verdade). Nessa época o que não faltava era professor com carro zero, casa em Angra (o que hoje em dia nem é tão boa idéia) e não tinha greve por qualquer 78% de defasagem do poder aquisitivo, e eles recebiam mal do mesmo jeito.
A segunda parte da piada se refere a pessoa de Lindberg de Farias prefeito da fatídica Nova Iguaçu, um local da Baixada Fluminense, ou seja, o underground do underground do Rio de Janeiro, local onde nem os favelados (como eu) querem morar. Para mais informações leiam na
Desciclopedia.

Enfim, eu tava sofrendo para escrever algo decente e com certa dignidade para apresentar para minha banca, sendo que meu trabalho é sobre histórias em quadrinhos (NERD POWER) o que desde o começo exclui a dignidade do negócio. Tendo conseguido terminar o maldito texto a tempo (só por isso estou escrevendo este troço aqui), eu aproveitei as idéias que tive nesse “período de seca” e estou usando todas de uma vez nesse texto, criativo não?! Esta que pretende ser mais uma “coluna fixa” deste blog. Depois do sucesso estrondoso de “Diários de Macho”, que já tem uma continuação pronta para ser publicada (cof, cof, cof), “Revisitando a Academia” pretende ser o espaço no qual este blog pretende colocar em cheque o panorama atual da academia (científica e não aquela de malhar, para quem não percebeu) brasileira (não necessariamente a de Letras, mas a academia no sentido mais amplo, de colegiado intelectual brasileiro, só para constar). Especialmente, a parte de Comunicação, a filha caçula das Ciências Humanas, que por sua vez são a ovelha negra da Ciência como um todo.

Para falar a verdade, tudo isso não passa de uma enrolação para dizer que eu passei no Mestrado (com um projeto sobre quadrinhos) e vou fazer (pretendo) posts sistemáticos sobre a vida na pós-graduação (aquela que conta a strictu sensu, e não essas palhaçadas de MBA e o cacete a quatro). Este, por exemplo, foi um post introdutório (com muita vaselina), mas muitos outros vêm por aí. Teremos o processo monográfico em detalhes em “O Orientador que balança o diploma”, o drama da formatura em “Formandos Desesperados”, e claro, um super post-glossário com todas essas palavras difíceis (e inúteis) em latim tipo strictu sensu, latu sensu, aurum potestas est, entre outras. Além, claro, do porque das maiores
rachas rixas do meio acadêmico, como a briga Exatas X Humanas, Humanas X Socias, Comunicação X Resto do mundo, entre outras. Divirtam-se.