quinta-feira, 24 de julho de 2008

O que te faz sentir realmente vivo?


Nessa época de férias, sem porra nenhuma para fazer exceto coçar o saco (não exatamente coçar e não exatamente o saco) e assistir Malhação (sou sou eu que acho essa Angelina chata para caralho?!), decidi começar a pensar no sentido da vida. Coisa que todo mundo faz quando está entediado, não?!

Só que olhando o título sei que você, o leitor mala que sempre vem me encher o saco, vai pensar: “isso não é a mesma coisa. Esse maluco tá fazendo propaganda enganosa. Vou meter um processo nessa bunda gorda dele”. E a isso eu respondo: “após exaustiva e profunda meditação nos cinco picos de Rosan (hum que delícia), descobri que a opinião dos leitores NÃO FAZ a mínima diferença. E quem quiser falar alguma coisa que escreva seu próprio blog autobiográfico”.

Voltando a questão da Vida, do Universo e Tudo Mais... Como todo bom pensador que se dispõe a filosofar sobre o assunto, percebi que a resposta dada para este tipo de pergunta sempre é turva, ambígua e muita das vezes insatisfatória (assim como a vida de quem pergunta). Por isso, num esforço sobre-humano para esclarecer de uma vez por todas essa bagaça, vou tentar reduzir tudo a uma coisa simples, umas cinco frases bem curtinhas que qualquer idiota (como eu e você) possa ler. So be it...

Mas o que é a vida? Esse é um bom ponto de partida para quem quer saber qual seu sentido ou simplesmente saber como fazer um bom uso dela. Pois eu vou dar a resposta do escritor: a vida é como uma grande folha em branco, não é feita de um papel nobre, às vezes até amassado e um pouco rabiscadinho ele já está, mas mesmo assim cabe exclusivamente a você fazer o que bem entender dele. Alguns escrevem lindos poemas de amor, uns nos atordoam com histórias sangrentas e amedrontadoras, enquanto outros fazem coisas profundamente tristes e solitárias. Porém, sempre tem aquele ser único entre milhões que pega a porra do papel e, só de sacanagem, faz um aviãozinho. Claro que não há nenhum problema com nenhuma dessas versões. São todas bastante aceitáveis e “viviveis”, desde que sejam escolhidas e não “empurradas”. Ou seja, cada um tem sua folhinha e escolhe o que fazer com ela segundo sua própria vontade, mesmo que ela seja dar para outro infeliz decidir no seu lugar ou simplesmente limpar a bunda (opção que mais gosto :D).


A partir daqui, tendo definindo o que seja A Vida, nos vem a segunda questão: como fazer bom uso da vida que temos? Antes disso, uma coisinha que descobri sobre a vida: ela não tem nada a ver com aquela baboseira de ficar com “aqueles que você verdadeiramente ama”. Isso é um monte de merda inventada por alguém muito sem-graça e também sem nenhum pingo de imaginação e intelecto (o que me faz lembrar novamente da Angelina da Malhação). Por que digo isso? Simples, porque nunca que o ser humano, o algo mais complexo já feito, vai se contentar com um prazer tão ridículo e fácil de se alcançar...e não tô falando isso só porque tenho pais que me amam (surpreendente, não?) e uma porrada de amigos (mais surpreendente ainda). Falo isso porque o chamado “verdadeiro amor” não é uma coisa tão impossível assim. É só depositar essa coisa toda que você sempre sentiu por você mesmo em outra pessoa, nada demais. E como “essa coisa toda que você sempre sentiu por você” é muito pesada para ficar do lado de dentro, as pessoas acabam liberando-A todo dia, a toda hora, sem nem perceberem. A única diferença é que com o Verdadeiro Amor, se despeja tudo de uma vez só (o que me lembra de um filme que vi certa vez. Não era com a Angelina da Malhação, na verdade não tinha nenhuma atriz conhecida, pelo menos não pelas pessoas de bem).

Pois bem, mesmo que essa historia de amor e tudo mais não tenha necessariamente a ver com o sentido da vida e todos os seus significados, uma coisa bem próxima tem...ela é o desejo, o tesão. Não no sentido bíblico, termo muito esquisito se nós formos pensar que ele expressa justamente o contrário do que deveria, mas no sentido de nossas mínimas vontades e paixões, bem como o velho papi Nietzsche queria dizer. Viver é querer.

Mas esperem, não é só isso. Agora que a gente descobriu o que é viver, vamos a segunda proposição dessa joça: “qual o sentido da vida?”. Ora, o sentido da vida não é outro senão obter o que a gente quer, alcançar nosso (s) objeto (s) de desejo, satisfazer nossas vontades, etc. Tem coisa mais simples do que isso?!
Claro que não! Só que isso não é tão simples. E aqui de novo entra aquele leitor mala que não assiste a Globo e, portanto, não está acostumado a aceitar tudo passivamente (maldita juventude pensante!). Sei até o que ele vai dizer: “e as pessoas que nunca alcançam o que desejam, nunca vão ser verdadeiramente felizes?”. Ao que respondo: Não, definitivamente não. Uma coisa que ele talvez não perceba é que ninguém realmente chega num estágio de achar o que está procurando. Viver é querer e não conseguir o que se quer, a graça está justamente na busca ininterrupta.

E nesse ponto entra o leitor mais inteligente do que o anterior e fala:

– Dã, para saber isso você só precisa ser um filósofo (ou puta) de beira de estrada, ter vivido até os 60, perdido um ente querido, vivido um amor impossível ou ter assistido a Forrest Gump, Top Gun e Cidade dos Anjos. E existem milhares de blogs de pessoas que já fizeram essas coisas e falaram sobre isso.

E nessa hora eu fico puto e respondo:

– Seu merdinha que se acha muito esperto só porque leu todos os livros que eu só disse que li. Fique sabendo que ainda não acabei o texto e se você fizer a gentileza de acabar de ler vai saber do que eu tô falando.

Enfim, o motivo de toda essa história e essa conversa entre o meu subconsciente e o inconsciente ou qualquer merda que o valha é apenas porque não consegui uma resposta satisfatória para pergunta lá de cima: O que te faz sentir vivo? Isso porque eu não consegui ainda achar algo que eu queira o suficiente para se tornar o sentido da minha vida. Realmente não há nada que eu queira tanto, nem algo sem o qual eu não viva.

E não vale dizer que escrever é o sentido da minha vida, porque, francamente, é necessário um objeto, algo sobre o que escrever, ou um objetivo para a escrita. Coisa que não tenho (ainda). Atualmente, sou como uma puta, faço as coisas por dinheiro (essa frase dá muito orgulho a minha mãe)! Mas e depois, quando eu tiver mesmerizado a todos com a minha habilidade literária, o que farei? E esse é o novo dilema: como alguém que não quer nada se sente verdadeiramente vivo?


Não que eu não tenha ataques de felicidade instantânea quando alguém faz um elogio sobre algo que escrevo, ou simplesmente se dá ao trabalho de ler. Mas isso é muito pouco. Assim como as inúmeras mulheres de meu tio, quero mais, sempre mais. Por sinal, outra coisa bem normal do ser humano, não se sentir realizado nunca... Será que é esse o meu problema? Cheguei numa fase que nada me satisfaz, mas é tão cedo: ainda não tive o filho que sei que não vai ser nada do que planejei, nem fracassei em tentar dominar o mundo, nem matei e torturei todos os inimigos que não fiz, nem tive uma overdose cheirando cocaína nos seios de uma bela mulata... Enfim, não fiz nada do que prometi aos 10 anos que faria quando chegasse aos 20. Aí, aí, aí...eu não sou muito novo para estar desiludido?!
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Zé messias é um proeminente cineasta romeno, membro ativo do Sindicato dos Carteiros e funcionários dos Correios, acionista do banco Opportunity, telespectador assíduo da sessão do descarrego e ouvinte de bandas como Radiohead e The Smiths. Além disso, ele é autor de best-sellers como “Vai dar bom-dia para a sua vó”, “O guia do nerd brasileiro” e “Sua mãe e o Orkut – coisas que você não quer conhecer mas é obrigado”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Só pra te dar um momento de felicidade e contar que sim, eu li seu post até o fim!

Pena que vc não vai ficar feliz com isso por muito tempo né, Zézito?

Beijooooooooo, Mari

P.S.: Sim, eu leio essa joça! É legal! :D

Igor Mello disse...

Nossa, Zé! Texto assaz divertido! Deu algumas gargalhadas lendo, e olha que eu estou num dia emo e não ri de nada até agora!

O melhor de tudo são os seus perfis...

P.S. - Um dia você vai acabar sendo um Agamenon da vida... Se isso é um elogio? Use a imaginação que Lúcifer te deu, meu bom rapaz!

Até, Grande Zé!