domingo, 15 de fevereiro de 2009

Carnaval 2009 não é aqui, é na Globo

Eu sou um cara do contra. Muito do contra mesmo. Eu sou tão do contra que mesmo não sendo irmão mais novo eu sou do contra. Tenho como lema não gostar de nada que todo mundo goste e não fazer nada que todo mundo faça. Mas não para discordar pura e simplesmente, eu só não consigo ser assim e pronto. Acho que já deixei mais do que explicito aqui, mas não custa nada lembrar, uma vez que eu não tenho um post propriamente dito para escrever. Até agora na minha lista de desgostos (desgóstos) estão: praia, viagens longas de ônibus, qualquer viagem turística, festas que não envolvam rock ou pessoas que eu goste muuuito, BBB, livros de auto-ajuda, burrice, estupidez, novela, sol, gente sem senso de humor, gente que se ofende facilmente, gente fresca, toda e qualquer pessoa que eu ainda não conheci, Paulo Coelho, bons modos, regras de qualquer tipo sobre comportamento, Ano Novo, o ritmo do funk (das letras eu gosto), coisas diet, coisas lights, coisas 0%, filmes com cachorros ou qualquer animal que fale, filmes sobre qualquer animal, exercícios físicos, gente “do bem”, gente que fale em receber “altas energias”, animais em geral, pessoas de 12 a 17 anos, TV aberta, férias (da escola, no caso, faculdade), filmes dublados, pagode, 99,5% do que se entende por samba, Simple Plan e etc., a Igreja Católica, e, claro, o Carnaval.

Embora eu finja muito bem no dia-a-dia, eu realmente não gosto da maioria das coisas que existem. Mas, a principal delas, que não tem mesmo como eu enganar, é o Carnaval. Sério mesmo! Não sei como as pessoas conseguem aguentar esse frenesi e esse desejo incontrolável de “se perder”, “cair na folia”, “sambar na avenida”. Esse tipo de entusiasmo forçado que impera nessa época quase me deixa muito irritado. Todo mundo age como se o carnaval fosse a época para perder a linha, ou se divertir sem culpa, sendo que todo eles já fazem isso durante o ano todo.

Não me entendam mal, eu gosto de ver os corpos semi-totalmente-despidos das “mulhezinha”, também é sempre bom apreciar um bom conflito entre bêbados armados com cacos de vidros ou um ocasional arrastão, mas isso acontece todo o ano no Rio de Janeiro e eu não preciso ficar aguentando sambas-enredo na minha cabeça.

No entanto, de um jeito ou de outro eu acabo participando do Carnaval. Acho que é esse o preço que se paga por ser um ser social. Pensando bem, o ano todo de 2008 e boa parte de 2007 eu fiz questão de experimentar todas as coisas que as pessoas normais fazem e eu nunca me interessei. Tarefa na qual eu fui bem sucedido. Uma vez que fui à praia num número considerável de vezes, segui pelos menos uns três ou quatro blocos, vi o samba na lapa e até dancei funk nas chopadas da faculdade. Porém, a conclusão dessas experiências antropológicas, não foi nem de longe animadora, primeiro porque eu realmente não diverti, e segundo porque me queimei feio na praia, fiquei com bolhas e até com o pé em carne-viva por seguir os blocos, roubaram meu celular na Lapa e entrei em coma alcoólico numa chopada.

Para o Carnaval 2009 eu só espero bem menos do que o 2008. Talvez uma peladinha ocasional para alegrar a criança (entendam como quiserem). Alguns trabalhos de faculdade atrasados para não sentir tanta falta da Uerj. E para me alegrar mesmo, sem ter que sair para muito longe de casa e tropeçar em algum bloco ou comemoração festiva estou pensando em fazer uma maratona de cinema. Tipo uns 3 ou 4 filmes em sequência sem tirar de dentro.

Para fechar mesmo dizendo que odeio o Paulo Coelho, essa música, se foi ele que escreveu- eu não sei -, é realmente muito boa. É uma música do Raul Sexas, mas como eles faziam meinha, musicalmente falando, nos anos 70 não dá para dizer de quem é a música.

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...


*Zé Messias continua muito decepcionado com a vida como ela se apresenta. Principalmente, por ser um pobre menino da favela e não poder ir a concertos ou muito menos comprar CD’s de música clássica que custam em média exatamente o que ele ganha como bolsista da Uerj. Ele também sabe que não vai poder aproveitar em nada a Cidade da Música, a menos que lá tenha um albergue para quem mora longe e não tem como voltar para casa depois das 23h quando o 691 e o 690 param de passar nos FDS. E acima de tudo ele realmente não suporta o Carnaval.

OBS:Para o próximo post algo picante, talvez engraçado, possivelmente uma prévia para um improvável Zé Bengala.

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