quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Brasil, quem te adora sem temer a própria morte?

Essa é uma faceta nova, nunca antes mostrada, o Zé patriota, nem mesmo eu sabia que existia...Espero que gostem....Só que ele ficou muito grande (para o tamanho de um blog), por isso tive que dividí-lo. Eu acho mais legal ler tudo de uma vez, mas quem quiser ler só uma parte não vai ter problema....A 1 é mais engraçada a 2 é mais emotiva....

Parte I

Estava eu no Centro Acadêmico (CA) de minha tão querida Faculdade de Comunicação Social, na Uerj. É neste sacrossanto local destinado somente ao alunado onde descanso após as longas aulas nas quais aprendo as mais belas e sábias palavras que eu não deveria ouvir e me são negadas as mais básicas noções do que fato deveria ser ensinado sob o pretexto de serem triviais e por isso inúteis. Não que eu reclame. De maneira nenhuma! Eu até gosto. Ou melhor, eu adoro e até preciso disso e de jeito nem maneira quero que se modifique. Mas enfim...

Como era de se esperar de um grupo de jovens universitários, estávamos discutindo sobre tudo....tudo o que de mais irrelevante nos viesse a cabeça, o que não é um conjunto pequeno de assuntos. Contudo, a bola da vez foi a Fórmula 1. Porque era isso o que estava no Nintendo 64 naquela hora. E embora não fossemos os estudantes mais brilhantes da face da Terra (perdemos apenas para aquele pessoal que ajuda o House), ainda assim, um assunto acabou levando a outro e o papo se prolongou. Na verdade, não tao longe assim. Foi para Lewis Hamilton e Galvão Bueno. Mais precisamente para o fato do segundo se recusar a torcer para o primeiro (considerado o melhor piloto por alguns da mesa) em favor de sua fé em Felipe Massa (que era apenas o brasileiro).
Deus sabe que como todo bom cidadão com dentição completa (e não necessariamente perfeita), repudio ferrenha e ardorosamente a figura deste jocoso locutor. Assim como suas transmissões com uma impressionante falta de apego a qualquer outra coisa que não seja o próprio Galvão Bueno. No entanto, tendo em vista o que estava em questão não posso deixar de concordar com a velha hiena (pseudo) jornalística.

Em meio a nossa roda de proeminentes intelectuais ou intelectuais emergentes, o burburinho foi causado quando um dentre nós, mais conhecido como Aquele que mora em Realengo, se pronunciou a favor do pobre Bem Amigo. Isso porque, apesar da minha séria discordância para com os ilustres colegas, este que vos fala preferiu permanecer calado, se lembrando do constante desastre que é tentar expor seus pensamentos em linguagem falada. De tal forma que, para minha pessoa, se mostra mais apropriado o uso da escrita em toda poderosa e sorrateira compleição.

E então, porque transformei esta simples contenda esportiva (se F1 for esporte) num caso de amor a nação? Porque simplesmente não consigo suportar a idéia de que alguém, um brasileiro (ou pelo menos que se julga como tal), prefira algo estrangeiro no que se refere a depositar a sua fé. E vejam bem, isso não se trata de gosto. Não é como preferir Beethoven a Villa-Lobos ou Strokes a Moptop. Pois nestes casos não há competição, o sucesso de um não implica no fracasso do outro. Para mim isso é tão absurdo quanto não defender o monopólio da Petrobras ou ser “carioca” e torcer para o São Paulo ( esses daí, eu quero que vão tomar no cu na casa do caralho na puta que os pariu)....

Parte II


Tentando explicar para mim mesmo de onde vinha esta súbita onda de Nacionalismo (com N maiúsculo por causa da intensidade), me lembrei de uma aula de Língua Portuguesa da sétima ou oitava série. Com minha estimada – e já falecida – Tia Beth (digo isso pois me recordo até hoje como ela detestava ser chamada de tia e como isso acabou não me deixando esquecê-la). Lembro também que na época ela fazia mestrado ou doutorado nesta minha amada Uerj com o grande catedrático Evanildo Bechara o qual ela elogiava horrores, ignorando completamente o fato de que ninguém fazia a menor de quem ele era.

A aula em questão era justamente sobre o Hino Nacional (não preciso dizer brasileiro pois escrever em letras maiúsculas significa que é o nosso mesmo) e suas complexas inversões. Sei que gostava muito dela exatamente por aulas como essa, pois mesmo já não sendo tão jovem, ela ensinava com tanta paixão e fé naquilo que dizia que não tenho dúvidas de foi ela a primeira responsável por eu ser aquilo que sou hoje (não que eu seja alguma coisa, mas é muito claro para mim que estou, pelo menos, no caminho certo). Sem mais delongas, o importante na tal aula sobre o Hino Nacional era não só a maneira desafiadora ( e ininteligível para alguns) como ele foi composto como também as belas palavras que lá estavam, e essas já me chamavam à atenção muito antes...

Para bem dizer, não tão antes, talvez na quinta série ou perto disso, mas estes anos parecem estar bem distantes de mim, mesmo tendo passado apenas nove desde o fim da quarta série. Nesta época os alunos que entravam no ginásio “formavam” todo o dia às 7 da manhã para ouvir o Hino. Nossa como sou velho, né?! Se eu contasse que ouvia o Hino todos os dias ninguém acreditaria...se bem que não me lembro direito se eram todos os dias mesmo. Ah, se eu contasse também que fiz parte duma coisa chamada Pelotão da Bandeira, acho as pessoas nem saberiam o que é... Por falar nisso, o Hino da Bandeira também não fica muito atrás...
”Salve o lindo pendão da Esperança/ Salve o símbolo augusto da paz (...) Recebe o afeto que se encerra em nosso peito juvenil/ Querido símbolo da terra/ Da amada terra do Brasil”

Engraçado que todo este espírito nacionalista não me levou ao alistamento nas Forças Armadas. Eu nem as considerava. Muito pelo contrário, sempre detestei a idéia de ser obrigado a servir ao País, ainda mais através de uma série de atividades físicas incessante, o que não faz nenhum sentido. Claro que naquela época eu não era tão culto quanto sou hoje, portanto não pensava exatamente como estou escrevendo (estava mais para um gordo preguiçoso do que um patriota intelectualizado). Mas este relato é mais uma romantização do que qualquer outra coisa, como o próprio patriotismo o é. Daí sua beleza.

Voltando finalmente ao Hino e a quinta série...mesmo não sendo tão lírico como sou hoje (acho que não era nem um pouco e agora sou só um pouco mais). Aquelas palavras despertaram certa sensibilidade em meu ser. Óbvio que não estou falando daquela parte totalmente dispensável e falaciosa do “Ouviram do Ipiranga...” que infelizmente é parte que todo mundo lembra. Digo mais, ele deveria começar no “Brasil, um sonho intenso, um raio vivido...”. Para a melhor parte está nas duas últimas estrofes, sem caô, que eu quase chorei (como agora) só com a intensidade desse negócio.

Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Por isso digo, posso não gostar de praia (ou qualquer tipo de paisagem natural), preferir música clássica ao samba e nem gostar muito de futebol, mas não tenho vergonha do chamado jeitinho brasileiro, desse nosso banditismo quase hereditário e muito menos do fato de não levarmos tudo tão a sério. Como disse no começo desta postagem, amo muito essas coisas imperfeitas que para mim não teriam a menor graça se não fossem do jeito que são. A graça está no efêmero da coisa.

OBS: Eu percebi que fiz uma grande digressão e quase não existe conexão entre o começo do texto e o final. Em minha defesa só posso dizer que me empolguei.

---------------------------xoxo---------------------------

1 - Não percam em breve o próximo post, Skmoso Begins, a parte dois de uma suposta trilogia...Assim que eu me recuperar da carga emocional de escrever este texto

2 - Dia 23 de dezembro eu comemoro um ano de Peristálticos...para celebrar a data vou tentar dobrar o número de postagens, isso mesmo vou lançar um texto para cada um que já estiver aqui...Até eu duvido! Ninguém tem tanta paciência para ler nem tanta para escrever, mas enfim...Promessa é dívida e eu devo não nego, pago quando eu quiser...

3 comentários:

*Jessie* disse...

Palmas para o Zé!
Só vc pra me fazer ler um texto onde "quase não existe conexão entre o começo e o final" e mesmo assim achar o máximo!

Vc tem uma fã emo! Huahuahuahua

Besitos!

Mari disse...

Bombou, Zé!

Fiquei até mais patriota!

p.s.: Eu sei cantar o Hino à Bandeira! =D

Anônimo disse...

I really like when people are expressing their opinion and thought. So I like the way you are writing